Quando eu digo sofrer de uma certa obsessão mórbida,
o “mórbida” em questão não é só uma força de expressão.
Agora mesmo, encontrei esse tal site na internet.
Que promete dizer com precisão a data do meu falecimento.
É só responder algumas poucas perguntas, apertar o “enviar”,
e aguardar cerca de 10 segundos, não sem uma certa suadeira no mouse.
Pronto. Tá lá o dia da sua partida. O dia do “The End”.
Antes que você pergunte, eu me adianto:
Não, não vejo mal nenhum nisso. Do fundo do meu coração.
Nunca tive medo de morrer. Muito pelo contrário.
Sempre achei a morte uma coisa fascinante.
E, pelo visto, a humanidade inteira parece concordar comigo.
Abaixo seguem as provas.
Primeiro, qual é o símbolo máximo da igreja católica?
Exatamente, a cruz. O Lugar em que Cristo morreu.
Vê se alguém tem em casa uma manjedoura pendurada na parede da sala.
Continuando...
Por que não se reza uma missa sete dias depois que a pessoa nasce?
Por que existe uma valsa fúnebre e nenhuma trilha para o nascimento?
Por que o túmulo do Jim Morrison é mais visitado que a maternidade da Edith Piaf?
Eu respondo. Porque morrer desperta mais curiosidade do que nascer.
Duvido muito que uma roda de curiosos se formaria na rua pra ver uma mulher parindo na calçada.
Compare os filmes então.
Para falar de nascimento, besteiróis do tipo: Três solteirões e um bebê, Uma babá quase perfeita, Ninguém Segura esse Bebê.
Já para falar de morte, clássicos como: Morte em Veneza, A Morte lhe Cai Bem, O Morro do Ventos Uivantes (hihihi).
Sem falar na indústria literária, que emplaca best-sellers como:
1000 lugares para conhecer antes de morrer.
Se mudassem o nome para “1000 lugares para conhecer depois de nascer”, o livro não teria vendido nem 150 exemplares.
Sim e antes que eu me esqueça.
De acordo com o tal site lá, eu viverei até os 72. Uffa.
Deve ser por isso que estou falando tão tranquilo assim sobre o assunto.
Certeza.
Se a previsão fosse para antes dos 30 anos,
esse texto provavelmente seria sobre outra coisa.
Como o feriado da semana santa ou a importância das tupperwares.
17 de fev. de 2008
malditos eufemismos
- Pára Luiz Otávio, pára, pááára.
- O que foi dessa vez?
- Eu não consigo fazer amor assim. Não adianta.
- Assim como?
- Assim. Com você olhando pra toda a decoração do quarto menos pra mim.
- Eu estou fazendo isso?
- Você olha pro criado-mudo, olha pra infiltração na parede, olha até pro cesto de roupas sujas.
- Mas querida, a gente não podia parar agora. Eu já estava quase lá.
- Lá onde Luiz Otávio? Na persiana da janela?! Pra mim tem que ter olhos nos olhos, senão a coisa não acontece.
- Olha Ana, se você quer mesmo saber, eu conto. Mas depois não venha me mandar dormir no sofá ou na área de serviço.
- To esperando.
- Tem uma coisa em você que está me incomodando. É esse negócio aí em cima da sua boca. Pronto, disse.
- Meu nariz?
- Não. Entre ele e a boca.
- O meu buço? O que tem meu buço?
- Não sei dizer direito, mas parece que eu estou transando com a Frida Kahlo ou o Fidel Castro. É um lance meio brochante. É melhor a gente ir dormir.
- Ah, mas não vai mesmo. Agora você vai me explicar essa história direitinho.
- Eu tenho um bloqueio natural contra mulheres de bigode. Deve ser um trauma de infância. Só pode. Vai ver meus pais faziam ameaças do tipo “tome toda a vitamina de banana senão a mulher de bigode vem te pegar.”
- O certo é buço. Mulher tem buço, não bigode.
- Pra mim buço é só um jeito carinhoso de chamar bigode. Puro eufemismo. E o seu está cada dia maior.
- Mas por que você nunca me falou disso antes?
- É uma coisa difícil de se dizer. E além do mais, você só começou com essa mania de transar com a luz acesa há pouco tempo.
- Quer saber, pra mim tudo isso é uma desculpa. Você não tem mais atração por mim e fica querendo botar a culpa na porra de um buço.
- Não é frescura, Ana. Quer ver só: qual a comida que eu mais odeio na vida?
- Pata de caranguejo.
- Exatamente. Você nunca parou pra pensar que ela é cheia de cabelinhos?
- Meu Deus. Isso é uma doença.
- O que custa passar a gilete, me diga? Em 2 minutinhos ta resolvido.
- É só que aí cresce mais grosso.
- Qual o problema? Se a idéia é não deixar crescer nunca. Faz todo dia, oras.
- Olha, vamos dormir que é melhor. Amanhã, a gente conversa sobre isso. Me dá pelo menos um beijo de boa noite.
- Posso apagar a luz antes?
- O que foi dessa vez?
- Eu não consigo fazer amor assim. Não adianta.
- Assim como?
- Assim. Com você olhando pra toda a decoração do quarto menos pra mim.
- Eu estou fazendo isso?
- Você olha pro criado-mudo, olha pra infiltração na parede, olha até pro cesto de roupas sujas.
- Mas querida, a gente não podia parar agora. Eu já estava quase lá.
- Lá onde Luiz Otávio? Na persiana da janela?! Pra mim tem que ter olhos nos olhos, senão a coisa não acontece.
- Olha Ana, se você quer mesmo saber, eu conto. Mas depois não venha me mandar dormir no sofá ou na área de serviço.
- To esperando.
- Tem uma coisa em você que está me incomodando. É esse negócio aí em cima da sua boca. Pronto, disse.
- Meu nariz?
- Não. Entre ele e a boca.
- O meu buço? O que tem meu buço?
- Não sei dizer direito, mas parece que eu estou transando com a Frida Kahlo ou o Fidel Castro. É um lance meio brochante. É melhor a gente ir dormir.
- Ah, mas não vai mesmo. Agora você vai me explicar essa história direitinho.
- Eu tenho um bloqueio natural contra mulheres de bigode. Deve ser um trauma de infância. Só pode. Vai ver meus pais faziam ameaças do tipo “tome toda a vitamina de banana senão a mulher de bigode vem te pegar.”
- O certo é buço. Mulher tem buço, não bigode.
- Pra mim buço é só um jeito carinhoso de chamar bigode. Puro eufemismo. E o seu está cada dia maior.
- Mas por que você nunca me falou disso antes?
- É uma coisa difícil de se dizer. E além do mais, você só começou com essa mania de transar com a luz acesa há pouco tempo.
- Quer saber, pra mim tudo isso é uma desculpa. Você não tem mais atração por mim e fica querendo botar a culpa na porra de um buço.
- Não é frescura, Ana. Quer ver só: qual a comida que eu mais odeio na vida?
- Pata de caranguejo.
- Exatamente. Você nunca parou pra pensar que ela é cheia de cabelinhos?
- Meu Deus. Isso é uma doença.
- O que custa passar a gilete, me diga? Em 2 minutinhos ta resolvido.
- É só que aí cresce mais grosso.
- Qual o problema? Se a idéia é não deixar crescer nunca. Faz todo dia, oras.
- Olha, vamos dormir que é melhor. Amanhã, a gente conversa sobre isso. Me dá pelo menos um beijo de boa noite.
- Posso apagar a luz antes?
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