Dizem que a maior dor que uma mulher sente na vida é dor do parto.
E que a pior dor sentida por um homem é a dor de uma pedra no rim.
Como nunca passei por nenhuma delas, afirmo com toda convicção desse mundo que a maior dor que senti até hoje foi a dor da separação.
Separar de alguém que a gente não ama já é difícil,
Imagine então de quem a gente ainda morre de amor.
Não é nada fácil, você provavelmente deve saber.
É como se deitar numa cama de casal e acordar numa de solteiro.
Você estava acostumado com o espaço ao seu lado e, de repente, precisa se acostumar tudo de novo para não levar um tombo daqueles no meio da noite.
Mas a separação que dói mesmo é aquela que vem de surpresa.
Quando sem mais nem menos, tei buff, tudo se acaba.
Vou recorrer a uma metáfora que, provavelmente, vai dificultar o seu entendimento, mas melhorar em muito a estética desse texto.
Imagine um casal que há mais de 20 anos se encontra na mesma estação de metrô para, depois de um longo dia de trabalho, voltarem juntos para casa. Agora imagine que num belo dia, quando estão prestes a entrarem no vagão, a mulher se vira para o seu marido e diz que simplesmente não pode mais ir com ele. Que daquele momento em diante, ele precisa se acostumar a ir sozinho para casa. Que a estação dela agora é outra. Até logo. Adeus.
A porta se fecha. O metrô começa a andar.
Atordoado, o pobre coitado corre feito um louco até o último vagão só para prolongar por mais alguns segundos a visão da mulher que ficara na plataforma. Ele encosta as mãos no vidro da janela e, feito uma criança, se põe a chorar. À essas alturas, talvez sua mulher já tenha até se arrependido de sua decisão. Mas é tarde demais. O metrô nunca volta pra pegar um passageiro atrasado. Inconsolado, pensativo e vazio, ele se senta no lugar de sempre. Agora porém, está sozinho. Assim, sempre de cabeça baixa, ele mal percebe as centenas de pessoas que vão entrando e saindo do metrô a cada estação. Algumas delas, vendo a cara de desolação do pobre homem, chegam a puxar assunto na tentativa de reanimá-lo. Mas tentam em vão. Ele está preocupado apenas em olhar pela janela, na tentativa de ver sua mulher em qualquer uma das próximas estações. E assim, ele segue viagem. Mesmo sabendo que o mais certo, era descer na próxima parada e ir andando para casa. É mais ou menos assim que eu vejo uma separação. Claro que no sentido real, ela é bem mais dolorosa do que essa metáfora. Ai, ai, como eu preferia uma pedra no rim.
11 de dez. de 2007
20 de nov. de 2007
a menina do assento 16D
Uma turbulênciazinha, por favor.
Uma nuvem escura e chuvosa, vai.
Qualquer coisa que faça esse avião balançar.
Que faça as luzes de emergência se acenderem,
as máscaras de oxigênio caírem automaticamente
e a menina do meu lado segurar a minha mão.
Eu sou uma dessas pessoas que nunca teve a sorte
de sentar ao lado de uma menina bonita no avião.
E olha que oportunidades já tiveram muitas.
Mas logo hoje, aconteceu. E aconteceu com força.
Sou péssimo em descrições, mas vou tentar fazer um esforço.
O sorriso era o da Cameron Diaz, a testa era a da Scarlett Johansson,
o queixo era o da Penélope Cruz e as pernas eram as da Sharapova.
Chego meu corpo um pouco mais perto.
De modo que nossas pernas se toquem.
É incrível como mesmo nessa idade,
a gente ainda tem prazeres com coisas tão insignificantes.
O problema agora é a aproximação. O diálogo inicial.
Avião é um péssimo lugar para se puxar assunto.
O que eu vou perguntar?
Se a barrinha de cereal dela tá gostosa?
Se ela viu aquele avião da TAM que caiu?
Se alguma vez ela precisou usar o saquinho de vômito?
Me inclino um pouco para frente e faço cara de menino carente,
na esperança de que ela se vire para olhar pra mim.
Vai, olha pra mim, olha pra mim, olha pra mim.
Olha pra mim, olha pra mim.
Olha pra mim, cacete.
Nada acontece.
Repentinamente ela se levanta e vai para a frente do avião.
Era a oportunidade que eu tanto esperava.
Na volta, eu juro que vou dizer alguma coisa.
Uma coisa criativa, marcante, romântica.
Que faça ela se lembrar pra sempre desse vôo.
Lá vem minha garota. Linda e maravilhosa.
Para a minha surpresa, é ela quem fala comigo:
- Licença, você se incomoda de trocar de lugar com meu namorado?
É que ele tá sentado lá na frente e a gente queria tanto ficar junto.
Uma nuvem escura e chuvosa, vai.
Qualquer coisa que faça esse avião balançar.
Que faça as luzes de emergência se acenderem,
as máscaras de oxigênio caírem automaticamente
e a menina do meu lado segurar a minha mão.
Eu sou uma dessas pessoas que nunca teve a sorte
de sentar ao lado de uma menina bonita no avião.
E olha que oportunidades já tiveram muitas.
Mas logo hoje, aconteceu. E aconteceu com força.
Sou péssimo em descrições, mas vou tentar fazer um esforço.
O sorriso era o da Cameron Diaz, a testa era a da Scarlett Johansson,
o queixo era o da Penélope Cruz e as pernas eram as da Sharapova.
Chego meu corpo um pouco mais perto.
De modo que nossas pernas se toquem.
É incrível como mesmo nessa idade,
a gente ainda tem prazeres com coisas tão insignificantes.
O problema agora é a aproximação. O diálogo inicial.
Avião é um péssimo lugar para se puxar assunto.
O que eu vou perguntar?
Se a barrinha de cereal dela tá gostosa?
Se ela viu aquele avião da TAM que caiu?
Se alguma vez ela precisou usar o saquinho de vômito?
Me inclino um pouco para frente e faço cara de menino carente,
na esperança de que ela se vire para olhar pra mim.
Vai, olha pra mim, olha pra mim, olha pra mim.
Olha pra mim, olha pra mim.
Olha pra mim, cacete.
Nada acontece.
Repentinamente ela se levanta e vai para a frente do avião.
Era a oportunidade que eu tanto esperava.
Na volta, eu juro que vou dizer alguma coisa.
Uma coisa criativa, marcante, romântica.
Que faça ela se lembrar pra sempre desse vôo.
Lá vem minha garota. Linda e maravilhosa.
Para a minha surpresa, é ela quem fala comigo:
- Licença, você se incomoda de trocar de lugar com meu namorado?
É que ele tá sentado lá na frente e a gente queria tanto ficar junto.
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