Lembro daquela noite de quinta-feira.
Enquanto saía pela porta do apartamento, olhei para trás
a tempo de ver minha mãe resmungando baixinho:
Esse namoro não vai dar certo. Mas não vai mesmo.
Duas semanas depois e o som do quarto
tocando a versão acústica de “Deslizes” do Fagner denunciam:
A profecia materna havia se concretizado. Ora merda!
Como não podia deixar de ser, logo começa o drama existencial:
Por que eu sou tão teimoso?
Por que eu nunca escuto ninguém?
Ou principalmente: por que eu sempre me fodo no final?
Cansei, cansei, cansei. É preciso mudar.
Um life-turning-point, para soar mais inovador.
De agora em diante, não decidirei mais nada sozinho.
Escutarei atentamente todos os conselhos.
Especialmente os que comecem com “se eu fosse você”.
Onde houver um aviso, um alerta, uma orientação
Lá estarei eu pronto para obedecê-los.
Afinal, eles existem para que alguma coisa não dê errado.
Assim sendo, não vou mais dirigir acima dos 80 km/h.
Vou sorrir quando estiver sendo filmado.
Vou esperar 5 minutos com o condicionador no cabelo.
E depois enxaguarei em abundância.
Vou lembrar que os objetos no retrovisor parecem
mais longe do que realmente estão.
Vou comprar um livro que me ensine a ser um marido exemplar,
um executivo bem-sucedido e um touro indomável na cama.
Vou seguir os 10 mandamentos e vou esperar a bateria
do celular descarregar completamente.
Vou fazer silêncio no corredor do hospital.
Vou ler o manual antes de usar o aparelho.
E vou ter muito cuidado com o recheio quente
da torta de maçã da MC Donald´s.
Quem sabe assim, eu não colecione mais tantos erros,
não precise ouvir Fagner outra vez nessa vida,
nem leve uma queda quanto entrar no elevador.
.
4 de mai. de 2008
27 de mar. de 2008
72
Quando eu digo sofrer de uma certa obsessão mórbida,
o “mórbida” em questão não é só uma força de expressão.
Agora mesmo, encontrei esse tal site na internet.
Que promete dizer com precisão a data do meu falecimento.
É só responder algumas poucas perguntas, apertar o “enviar”,
e aguardar cerca de 10 segundos, não sem uma certa suadeira no mouse.
Pronto. Tá lá o dia da sua partida. O dia do “The End”.
Antes que você pergunte, eu me adianto:
Não, não vejo mal nenhum nisso. Do fundo do meu coração.
Nunca tive medo de morrer. Muito pelo contrário.
Sempre achei a morte uma coisa fascinante.
E, pelo visto, a humanidade inteira parece concordar comigo.
Abaixo seguem as provas.
Primeiro, qual é o símbolo máximo da igreja católica?
Exatamente, a cruz. O Lugar em que Cristo morreu.
Vê se alguém tem em casa uma manjedoura pendurada na parede da sala.
Continuando...
Por que não se reza uma missa sete dias depois que a pessoa nasce?
Por que existe uma valsa fúnebre e nenhuma trilha para o nascimento?
Por que o túmulo do Jim Morrison é mais visitado que a maternidade da Edith Piaf?
Eu respondo. Porque morrer desperta mais curiosidade do que nascer.
Duvido muito que uma roda de curiosos se formaria na rua pra ver uma mulher parindo na calçada.
Compare os filmes então.
Para falar de nascimento, besteiróis do tipo: Três solteirões e um bebê, Uma babá quase perfeita, Ninguém Segura esse Bebê.
Já para falar de morte, clássicos como: Morte em Veneza, A Morte lhe Cai Bem, O Morro do Ventos Uivantes (hihihi).
Sem falar na indústria literária, que emplaca best-sellers como:
1000 lugares para conhecer antes de morrer.
Se mudassem o nome para “1000 lugares para conhecer depois de nascer”, o livro não teria vendido nem 150 exemplares.
Sim e antes que eu me esqueça.
De acordo com o tal site lá, eu viverei até os 72. Uffa.
Deve ser por isso que estou falando tão tranquilo assim sobre o assunto.
Certeza.
Se a previsão fosse para antes dos 30 anos,
esse texto provavelmente seria sobre outra coisa.
Como o feriado da semana santa ou a importância das tupperwares.
o “mórbida” em questão não é só uma força de expressão.
Agora mesmo, encontrei esse tal site na internet.
Que promete dizer com precisão a data do meu falecimento.
É só responder algumas poucas perguntas, apertar o “enviar”,
e aguardar cerca de 10 segundos, não sem uma certa suadeira no mouse.
Pronto. Tá lá o dia da sua partida. O dia do “The End”.
Antes que você pergunte, eu me adianto:
Não, não vejo mal nenhum nisso. Do fundo do meu coração.
Nunca tive medo de morrer. Muito pelo contrário.
Sempre achei a morte uma coisa fascinante.
E, pelo visto, a humanidade inteira parece concordar comigo.
Abaixo seguem as provas.
Primeiro, qual é o símbolo máximo da igreja católica?
Exatamente, a cruz. O Lugar em que Cristo morreu.
Vê se alguém tem em casa uma manjedoura pendurada na parede da sala.
Continuando...
Por que não se reza uma missa sete dias depois que a pessoa nasce?
Por que existe uma valsa fúnebre e nenhuma trilha para o nascimento?
Por que o túmulo do Jim Morrison é mais visitado que a maternidade da Edith Piaf?
Eu respondo. Porque morrer desperta mais curiosidade do que nascer.
Duvido muito que uma roda de curiosos se formaria na rua pra ver uma mulher parindo na calçada.
Compare os filmes então.
Para falar de nascimento, besteiróis do tipo: Três solteirões e um bebê, Uma babá quase perfeita, Ninguém Segura esse Bebê.
Já para falar de morte, clássicos como: Morte em Veneza, A Morte lhe Cai Bem, O Morro do Ventos Uivantes (hihihi).
Sem falar na indústria literária, que emplaca best-sellers como:
1000 lugares para conhecer antes de morrer.
Se mudassem o nome para “1000 lugares para conhecer depois de nascer”, o livro não teria vendido nem 150 exemplares.
Sim e antes que eu me esqueça.
De acordo com o tal site lá, eu viverei até os 72. Uffa.
Deve ser por isso que estou falando tão tranquilo assim sobre o assunto.
Certeza.
Se a previsão fosse para antes dos 30 anos,
esse texto provavelmente seria sobre outra coisa.
Como o feriado da semana santa ou a importância das tupperwares.
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